MISTÉRIOS...
Qual cidade não tem os seus mistérios, não é mesmo?
Nessa seção publicaremos alguns mistérios, que fazem parte da história de Guarujá.
Ano: 1937
Assunto: O terreno da Igreja Matriz de Guarujá.
O CEDOM Guarujá criou a Série “Mistério da Cidade”, estimulado pelo historiador Enrique Dias, que tem uma lista de várias curiosidades e mistérios sobre a história da nossa cidade, que ‘ainda’ não possui uma resposta lógica a elas. Um desses fatos refere-se à doação do terreno onde está construída a Igreja Matriz de Guarujá. Segundo publicações em livros e outros textos sobre a nossa história, o terreno havia sido doado por um português chamado Ricardo Fidela, que ao fazer a doação fez a seguinte exigência: que o nome da Igreja fosse alterado para Igreja Matriz Nossa Senhora de Fátima. O problema foi resolvido pelos responsáveis da Diocese de Santos, ao darem um nome composto para a igreja, segundo alguns, caso único no Brasil.
A Igreja Matriz passou, então, a ser chamada de Nossa Senhora de Fatima e Santo Amaro. Tudo ia muito bem até o historiador Enrique Dias deparar-se com uma informação oficial de uma fonte ligada aos salesianos, onde tem o seguinte texto: “Foi feito na época uma troca de terrenos (Av. Leomil com a Av. Puglisi – atual endereço da Matriz), a troca foi feita, mas o proprietário, o português, Sr. Ricardo Fidela, muito devoto de Nossa Senhora de Fátima, só aceitou efetivar a troca se a nova Igreja ali a ser construída levasse o título de Nossa Senhora de Fátima. Como a antiga Igreja tinha como padroeiro Santo Amaro, ficou abrangendo os dois santos, sendo chamada até hoje de Paróquia Nossa Senhora de Fátima e Santo Amaro”. Essa informação muda a história contada tradicionalmente. O texto, claramente, fala em uma troca de terrenos e não em uma doação de um terreno. Inclusive, o endereço citado como Av. Leomil, refere-se ao local onde hoje se encontra o Restaurante Habib’s.
Foi nesse imóvel que funcionou, provisoriamente, a Igreja de Santo Amaro, entre 1924-1938. Lembrando que, em 1924, a Igreja de Santo Amaro foi destruída por um incêndio, a mesma ficava na Rua Petrópolis esquina com Rua Mário Ribeiro. Em 1937, foi colocada a pedra fundamental da nova Igreja Matriz e iniciada a sua construção. Esta obra demorou 18 anos para ser totalmente construída, sendo inaugurada em 15 de janeiro de 1956, pelo Cônego Dom Domênico.Segundo o historiador Enrique Dias, não existem outros registros que possam esclarecer, definitivamente, qual teria sido, de fato, essa transação imobiliária entre Ricardo Fidela e a Diocese de Santos. Talvez, documentos no Cartório de Registro de Imóveis, da época, tenha essa informação com detalhamento de datas e nomes, mas será que o desejo sobre o nome da nova Igreja Matriz, também se fez constar na escritura? Outra coisa interessante sobre tudo isso é o fato de que Ricardo Fidela não aparece em nenhum outro evento, lembranças e depoimentos das pessoas da época.
O PRIMEIRO JORNAL
DE GUARUJÁ
Ano: 1923
Assunto: fundação do primeiro jornal da Ilha de Santo Amaro Segundo o IHGS (Instituto de História e Geografia de Santos).
O historiador santista, Francisco Martins dos Santos, nascido há exatos 121 anos (05/02/1903), fundou em Guarujá um jornal com o nome de “O Balneário”. Isso ocorreu há exatamente 101 anos. Antes de criar o seu próprio jornal, Francisco havia trabalhado em todos os jornais santistas e em algumas revistas regionais e nacionais.
Qual é o mistério: Alguém já havia ouvido falar disso? Será que existem pessoas de famílias antigas de posse de uma dessas preciosidades? Trecho do texto da biografia de Francisco, que foi publicado pelo IHGS: “Em 1923, montou seu próprio jornal – “O Balneário” – literário e crítico, com sede em Guarujá, contando com a colaboração de notáveis literatos, entre os quais Benedicto Calixto”.
O misterioso Mirante da Rua Benjamin Constant
Praticamente construído na areia da Praia das Pitangueiras. Quando? Quem? Como? Por quê? As décadas foram passando, e essa pequena construção, praticamente escondida de todos, continua em pé. Informações sobre esse local, praticamente, não existem. Apesar de todo o trabalho de pesquisa, ainda não apareceu um registro histórico da sua inauguração. Podemos especular que o mesmo tenha sido construído na década de 1930 ou na de 1940, por estar vizinho do prédio construído pela Família Jafet. O CEDOM quer saber: alguém tem mais informação sobre este lugar? Sabemos, através de oralidades, que dali partiam cabos telegráficos para o Rio de Janeiro e Europa e que, no interior do Mirante, viveu nos anos de 1970, um lavador de carros conhecido pelo apelido de Brucutu.
Onde está o Obelisco?
Após algumas pessoas nos questionarem, o historiador Enrique Dias, enviou para o CEDOM um material muito interessante sobre um evento histórico que ocorreu em frente às praias centrais da cidade. Como praticamente todo mundo sabe, Alberto Santos Dumont cometeu suicídio no Grande Hotel de Guarujá (Centro-Pitangueiras), em 26 de julho de 1932. Um dos motivos atribuídos como causa, o detonador da decisão tomada por Santos Dumont em ceifar sua vida, foi a de que este célebre brasileiro havia ficado depressivo em ter presenciado o seu invento utilizado para fins de guerra, e pior ainda, entre seus próprios irmãos. O que estava acontecendo em 1932?
O povo paulista se levantou contra o Governo Federal de Getúlio Vargas para que fosse, entre outras coisas, cumprida a promessa da promulgação de uma nova constituição para o Brasil. A Revolução Constitucionalista, como ficou conhecida, ocorreu entre 9 de julho e 2 de outubro daquele ano, com a rendição negociada dos paulistas. Mas, vamos voltar ao motivo principal desta postagem: Onde está o Obelisco? Enrique encontrou em suas pesquisas, uma notícia publicada em um jornal da capital, sobre inauguração de um Obelisco em Guarujá homenageando dois aviadores mortos em combate naquela revolução. Dias tem uma lembrança dos seus tempos de criança que existia um monumento em uma pracinha, ao lado do Posto 5.
O pequeno monumento era adornado com um capacete de metal e, segundo ele, deveria ser o tal Obelisco Comemorativo aos 25 anos do evento histórico. Se você tiver notícias do Obelisco ou fotos do mesmo, entre em contato com o CEDOM ou com o Enrique Dias, para que esta parte de nossa história seja reconstituída. Além da questão histórica, temos também a questão cultural e turística. Diz Enrique que faz um paralelo com eventos similares ocorridos na Europa e nos Estados Unidos, onde anualmente são realizados festivais e shows aéreos que acabam se tornando datas importantes nos calendários das cidades envolvidas: "imagine uma simulação deste combate aéreo sendo realizado em comemoração aos aviadores, à Revolução Constitucionalista, aos mortos, Thiago Ferreira entre eles, e ao povo paulista. Seria fantástico e importante para a economia local e muito mais importante criar nas novas gerações, uma ponte com o passado, seus heróis e suas origens.
Turismo, cultura e história valorizados em um único evento". Essas páginas com a descrição da batalha aérea, ocorrida em Guarujá, estão contidas no livro "1932: SÃO PAULO EM CHAMAS", do escritor Luiz Octavio de Lima. Este livro chegou às mãos de Enrique Dias, por seu amigo Wanderley Feliciano (in Memorian) que também era um apaixonado pela história de Guarujá. Fonte do jornal: 14 de setembro de 1957 (OESP)
Nota 1: Enrique faz questão de afirmar que: "Santos Dumont não se suicidou em virtude deste combate, pois o mesmo ocorreu 58 dias após o seu suicídio. Este é um lamentável engano que muitos repetem na cidade. Santos Dumont presenciou sim, outros eventos desta guerra, pois a revolução começara 17 dias antes de sua morte".
Nota 2: No dia da inauguração deste monumento, o morador de Guarujá, Atílio Gelsomini, entregou as luvas de um dos pilotos abatidos, para o neto do mesmo, homenageado na ocasião. Atílio havia encontrado as luvas na beira d`água, na Praia do Guarujá, hoje Praia das Astúrias.
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